segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Saudades… só saudades


Confesso que não vos sei dizer o que sinto agora, ao parar e calmante ouvir a música “Saudade” do Colectivo à Resistência. Claro, tudo o que eu disser é suspeito, porque sou um dos integrantes deste grupo. Mas acreditem que enquanto escrevo estas linhas, luto contra as lágrimas que insistem em escorrer dos meus olhos. Para evitar exageros da minha parte, preferi fazer colagens do que Taciturno aka Tião MC, Mr Leos, RNK, Soldado Mensi e Sismo exprimiram ao manifestar as suas “Saudades”, o que eu também sinto neste exacto momento, e nada mais, ao me lembrar que “o tempo é veloz” e “obriga-nos a enterrar os nossos sonhos como coveiros abnegados/ Nada mais nos resta senão viver ao máximo cada momento, cada segundo de um minuto, cada ano de uma vida que nos passa tão depressa e já não volta” – só deixa saudades, ou seja, “o tempo passou mas deixou-nos as lembranças/ viver o que já vivi é utopia da esperança/ o tempo mata o tempo para nascer um novo tempo/ a existência humana é mudada a toda hora/ o sonho de sermos outro ficou lá fora/ bem no fundo do distante, ficou noutrora”, a saudade insiste e ocorre-me um pensamento inevitável: “Se eu pudesse recuar no tempo/Viveria a vida num minuto/e num minuto viver os anos que passei junto de ti”, mas é apenas um desejo e “voam as palavras quando falo sobre ti/ perdido na emoção quase não resisti/ falo pra ti como se estivesses aqui/ mergulhado nos meus sonhos ou mesmo junto de mim/saudades da vida que não vivemos/ dos tempos duros, magros e secos/ uma gota no canto dos olhos no cair do sol ou na entrada do luar/ afogaram-se os sonhos que se poderiam sonhar”. A saudade é insistente, às vezes parece um sentimento bom, aprazível ao nos lembrarmos ao pormenor da vida que passou, mas de repente sinto que “escorrem lágrimas próprias da nostalgia/ reminiscência de momentos coroados de alegria/ a saudade obriga-me a recuar nos dias/ que o tempo levou pela sua incontornável via/ nada pára, o tempo apenas avança/ entre o passado e o presente minha vida balança/ dócil ou amarga é larga a lembrança”. 
Pois é Soldado Mensi, concordo contigo e em alguns momento sinto que “eu tenho saudades daquilo que nunca foi meu/ da grande infância que no tempo se perdeu/… o tempo passa e leva tudo consigo/ deixando só lembranças e a tristeza como abrigo/sou feliz agora por fazer novos amigos/ mas triste por passar tanto tempo escondido/na timidez de tudo quanto senti/ por aquela mulher que até hoje nunca mais vi/ imaginações fazem da mente oca/ e a vontade de voltar no passado sufoca/mas o tempo não pára/ enquanto nós pensamos em recuar/ lentamente avançamos”, é isso mesmo Sismo! Sinto vontade de recuar para ver-te de novo como um “borracho” adormecido no colo da mamã, mas já és crescido e aos 16 anos dás tanto orgulho “puto”, quem teria mais orgulho é obviamente o nosso B.Boy Seque, mas a vida não permitiu, ainda assim, a todos que nos deixaram, contra sua vontade, “eu queria ter-nos aqui para corrigir os meus erros/ poder abraçar-nos e sentir de novo o calor que afugenta/ este frio que preenche a vossa ausência/ viver é urgente/ viver é preciso/ aqui e agora/ que o tempo apenas nos visita e rapidamente se vai embora/ e eu tenho saudades – se eu pudesse recuar no tempo/ viver a vida num minuto/ e num minuto viver os anos que passei junto de ti”. Chega tristeza! Como disse o kota Beto de Almeida, no Atrás do Prejuizo do Katrogi, “Eu vou sorrir pra não chorar/É mais um dia da minha vida/ Vou cantar pra não pensar nas malambas desta vida” – e eu quero cantar sem parar esta pedrada do Colectivo à Resistência: Saudades.
Por Sebastião Vemba
Etiqueta: Kaza daz Rimaz

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As desculpas do Katró

MCK adiantou-se a pedir desculpas pelos transtornos ocorridos durante a sua venda e agradece aos Manos  e Manas, não fiéis, que isso soa a egotripping, pelo apoio prestado até a esta altura da sua carreira. Eu tinha um texto preparado para retratar a sua venda, em que foco essencialmente a desorganização e o facto de não se ter aprendido com a venda do KID MC, mas prefiro não divulgá-lo mais porque o nosso Katró já deu as mãos à palmatória. Não deu para publicar a foto-reportagem porque a net aqui tá podre. Acompanhem o texto do Katrogi Nhanga Lwemba:
 
Saudações calorosas a todos Manos e Manas,
Distintos Internautas, Caríssimos Twitteiros e Prezados Facebookianos,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Recebam os meus cumprimentos de acordo a hora do dia!
Queiram todos perdoar o atraso de uma palavra amiga, razões de força maior bloquearam este desejo.
Decidimos produzir um pequeno texto com algumas notas explicativas, sobre a venda do álbum "
Proibido Ouvir Isto" de MCK, no dia 18 de Dezembro do corrente ano, de modos a esclarecer alguns factos sucedidos e com base no respeito ao Público Consumidor das nossas ideias e produtos.
1-  Aproveitamos o presente Documento para nos curvarmos diante todas pessoas que fizeram-se presente na Praça da Dipanda e de joelhos, pedimos as nossas sinceras desculpas pelo atraso e a falta de organização. Admitimos de forma honesta a tamanha ingenuidade em não aprender com os erros da venda do Kid Mc e a falta de capacidade de resposta no atendimento ao público.
2-  Manifestamos profundo agradecimento a todos, sem distinção de Sexo, Idade ou Convicção religiosa e partidária que livremente decidiram cobrir os custos de produção do álbum, adquirindo a Obra ao preço de 1.000 Akz por unidade. Obrigadoooooooooooo de coração!
3-  Informamos a todos que estamos a proceder a troca das Pen Drives virgens e inoperantes, entretanto, pedimos desculpas a quem tenha adquirido alguma Pen com problema de leitura, desde já, deixo o meu contacto pessoal (MCK) 924808436 para efeitos de troca das mesmas.
4-  Relativamente ao número de copias vendidas, preferimos manter em segredo como um dado interno, de modos a evitar comparações, especulações e inverdades que em nada engrandecem a qualidade da nossa Música; Mas podemos informar que é nosso desejo vender 25.000 CDS em 18 Províncias no prazo de 6 Meses, e a seguir realizar então, o Mega Show do MCK.
5-  Agradecemos á Direcção Provincial da Cultura pelo apoio na coordenação e desdobramento da venda e prometemos ressarcir todos danos materiais resultantes da nossa falta de experiência e capacidade de resposta no que diz respeito ao atendimento público.
6- Finalmente informar á todos que cheguei em casa as 21h e encontrei a porta BRUTALMENTE ARROMBADA... Exactamente isto, porta arrombada mas tudo intacto, nem uma esferográfica desapareceu. Não levaram exactamente nada! Só não sei se deixaram algo escondido!!! No mesmo dia fui a Quinta Esquadra e manifestei a ocorrência, contudo, achei importante divulgar o acontecimento de modos a tornar público uma tentativa de assalto ou acto de intimidação e violação domiciliar.

Kudibenguela apresenta Diamantes do hip-hop em camisolas

Kudinguela é um MC que tem estado a implementar a sua marca no movimento Hip-Hop através do lançamento de t-shirts, entre elas a linha "Balístico MC" e "Núcleo Rap da África Unida". Para breve, aguarda-se a divulgação dos locais de venda das t-shirts. Sabe-se entretanto que o brada já cruzou na Universidade Hip-Hop e no Elinga Teatro onde espalhou as cenas com bwé de garra. Aguardemos pelos postos de venda.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Quando a arte é um puro exercício de cidadania



Numa altura em que o Hip-Hop é mais música do que movimento (activismo), e as músicas mais sonantes são simplesmente o culto do “eu que posso, faço, mando, tenho, e apenas eu, você não é nada”, Colectivo à Resistência posiciona-se como mais uma alternativa para quem precisa mais do que paleio de um artista “perfeito” que nada mais fala senão das suas qualidades e do que é (in) capaz de fazer.
Assim, o grupo traz-nos o álbum “Arte e Cidadania”, composto por 11 músicas, incluindo uma convocatória geral (introdução) ao exercício dos nossos direitos e deveres de cidadãos, que vão desde o acto de não deitar papel no chão a manifestações públicas (eles preferem as pacíficas).
Os cinco jovens (na verdade são quatro, mais um puto quase a entrar na idade adulta) dão azo à sua veia artística, despreocupados com padrões e casam a arte com a cidadania num um rap comum, mas que se distingue com as batidas de Boni, Flagelo Urbano e C.O e as composições inusitadas do grupo. Às vezes contundentes, às vezes amáveis e claramente apelativos, Mr. Leos, Soldado Mensi, Sismo, RNK e Taciturno revelam-se como verdadeiros poetas, mas também cidadãos politizados - atente-se à destrinça entre politizados e partidarizados, sendo que esta última condição é indispensável para o sucesso ou aceitação de projectos, mas o Colectivo contornou-a - o que se nota na música “À Resistência”, que conta com a participação de Mona Dya Kidi, um dos jovens presos na abortada manifestação do dia 7 de Março de 2011.
O álbum ainda se encontra em gravação nos estúdios da Diferencial, por Boni, e conta com outras participações como de Edu ZP, MonoStereo, Pablo o Samaritano, Fly Squad e Denéxl, para além dos coros de Ndaka.
Entretanto, a partir do dia 18 de Dezembro de 2011 estará disponível um disco promocional grátis com três faixas musicais (Manifesto do Gueto, O Rap Moldou-nos e Saudades), mais fotos, vídeos, composições e outras informações sobre o Colectivo à Resistência.  
Ainda sem data marcada, “Arte e Cidadania” será lançado em meados de 2012, juntamente com um DVD com entrevistas a cidadãos, artistas e entidades políticas sobre a arte como um meio eficaz de exercício da cidadania e promoção de valores cívicos.
Atente-se que depois do single promocional surge o projecto “Preliminares”, uma espécie de introdução do álbum, em que cada um dos elementos vai lançar uma música via Internet. Depois do álbum virá o “Clímax”, a ser lançado igualmente pela mesma via.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

T-shirts do Colectivo já disponíveis

As t-shirts do Colectivo à Resistência já estão disponíveis, embora a venda oficial esteja marcada para o dia 18 de Dezembro. Para encomendar a sua basta ligar ligar para os terminais 929 58 99 55 ou 924 51 08 22. Mbora resistir à intolerância, pobreza, injustiça e outros males. À RESISTÊNCIA!



O País do Pai Banana - download track

Uma das melhores músicas do álbum "Proibido Ouvir Isso", o País do Pai Banana. Curtam a cena manos.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Contagem Regressiva

Começou a contagem  regressiva para a divulgar do disco promocional do Colectivo à Resistência, que contém vídeo, imagens do grupo e três músicas, duas delas já disponibilizadas. A grande novidade será a música saudades, que conta com a participação de Gari Sinedima. Para além do CD, que será ofertado, estarão à venda t-shirts do grupo ao preço de 1000 KZS. Contamos consigo. Até Domingo, na Praça da Independência!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Colectivo à Resistência Versus MCK - Download Spot

Download link: http://www.sendspace.com/file/sxc4h2

Proibido Ouvir Isso – Antevisão


Para título de álbum musical, “Proibido Ouvir Isso” é, em todos os aspectos, um nome muito sugestivo – o que mais se proíbe é o que mais se deseja, diz o ditado - e MCK tem consciência disso, ao ressurgir à ribalta (não sei se ribalta cai bem, porque os undergrounds não gostam, ou dizem não gostar, dos holofotes) depois de cinco anos, quebrando, desta forma, a habitual pausa de quatro anos.
Aliás, “Cinco Anos de Ausência” é um dos singles disponibilizados pelo autor de “Atrás do Prejuízo” e da problemática “As Téknikas, as Kausas e as Konsequências”, em que Katro explica a razão do seu silêncio.
Mas, olhando para o álbum, este começa com um discurso proibido, o “Fogo Amigo”: «Saudações a todos os irmãos, maninhos e camaradas…a minha arte tornou-se proibida, Cherokee perdeu a vida … no sofá de casa todos são críticos, na rua é só “sim chefe”», atira MCK, sobre um instrumental com bases africanas (característico do artista) produzido por Flagelo Urbano, desembocando na já referida “Cinco Anos de Ausência”, seguida da também já disponibilizada “Por Detrás do Pano”, com participações de Ângela Ferrão e Beto de Almeida. Ambas as músicas são intimistas, mas a segunda mais do que a primeira, embora a abordagem das duas não seja proibida, entendo: “Por detrás do pano há um mistério escondido/ tamanho não é documento, gravata é só tecido/ Não julgues o livro pela capa/ nada é eterno, sofrimento é só uma etapa”.
“Teologia da Prosperidade” traz ao debate a religião, “um tema ainda proibido entre nós”, segundo o rapper, para quem “fundar igrejas é um negócio que prospera… interpretam a Bíblia a seu favor”. Já em “Nomes, Palavras e Rimas”, a melhor e mais proibida das promocionais disponibilizadas, Katró faz uma metáfora do cenário político nacional, associando o Chefe do Executivo Angolano a José Mourinho. Sendo assim, quem tiver que entrar em campo terá que lamber-lhe as botas.  
Enquanto uns conseguem matar a fome e outros ficam “podres de dinheiro” depois de lamber as botas ao chefe, milhões morrem de fome. Esta é a mensagem de MCK e Paulo Flores, num remake de “Nzala” de Elias Dyakimwezu, num retrato possível às consequências devastadoras da guerra e ao enriquecimento ilícito de alguns tubarões da nossa Angola: “o dread dispara contra a mãe à frente do filho…/… quem encheu a barriga em tempo de guerra/ construiu riqueza com o sangue do ‘conterra’”.
“Camama ou Kuzu?”, a faixa a seguir, é uma música estrondosa, mais pela participação de Bruno M. Tenham calma, camaradas, maninhos e irmãos. Ninguém vai dançar kuduro! A intenção, segundo MCK, era pôr dois presos, que na realidade estão proibidos do direito de livre expressão, falarem sobre como são tratados na cadeia. Aproveitando-se do título, Bruno M, que já teve uma passagem pelos calabouços, contorna o esperado relato da sua experiência pessoal para retratar as diversas situações político-sociais que facilitam a condução do homem ao crime, desde a falta de preparação familiar, à ausência de políticas inclusivas dirigidas à juventude, culminando com o coro: “Já estive nesta vida, conheço bem o filme/Não há heróis no mundo do crime/Perdi vários amigos por causa do kumbu/Caminhos são dois: Camama ou Kuzu”, o que espelha a ainda dominante falta de oportunidades à população, atirada a bairros longínquos sem as mínimas infra-estruturas auxiliares que contribuiriam para que as pessoas ocupassem o seu tempo de modo mais útil.
Mais adiante, MCK surge mais criativo em “Na fila do banco”, interiorizando três personagens distintas para abordar três temas proibidos: racismo (quem reclama de racismo é racista), prostituição de luxo e tráfico de drogas. Ao invés de comentar sobre esta música, recomendo-a, por ser uma das que mais gostei e tenho medo de não saber falar devidamente sobre ela.
“Circuito Fechado”, “País do Pai Banana”, “A Bala dói”, “Quarentona Atraente” e “Tou na fronteira” conduzem-nos ao término de uma escuta proibida de MCK. Destaque para a “Bala dói”, com Ikonoklasta. “A mim não foi a Líbia que inspirou”, lança Katró. Depois de vários versos de auto-afirmação e claro ataque aos seus opositores (políticos), vem o coro, cantado num instrumental dançante com fortes influências de reggae, pelo seu convidado: “Sempre nos prometem comida, mas só nos dão porrada/nosso estômago até já grita/ mas eles têm ‘babas’ que cospem balas/ e a bala dói…”, fazendo-nos lembrar o destino de Cherokee por cantar “As Téknikas, as Kauzas e Konsekuências" – não é só proibido ouvir isso, é mais proibido ainda repetir alto o que se ouve sem permissão, aconselhariam alguns.
“País do Pai Banana” e “Quarentona Atraente” não deixam a desejar. Na primeira o artista inspira-se no kudurista Pai Banana, que em entrevista ao apresentador do “Sempre a Subir”, Sebem, afirma não se “bifar com putos”, porque todos estão “na minha responsabilidade”, para opor-se ao silêncio de quem faz ouvidos de mercador diante das críticas sobre o estado da nação, porque todos estão sob sua responsabilidade. As palavras falam por si: “Não emigrei para a Europa quando faltou comida/Eu vi o país na cama…/vivemos ao relento tipo cão sem dono/Aqui o patrão é colono/… pobreza é negócio/ nosso sofrimento é vendido…/África é o berço, quem está no berço dorme/Aqui pensamos pouco e morremos à fome/… vivemos ressacados e não exigimos nada/Eles adoram ‘cabrité’/ todos sonham com o Comité”. A segunda é uma ficção empolgante, em que o rapper se revela como um exímio story-teller. Deixa-se levar por uma fã atraente, nos seus 40 anos de idade, que mostra se acompanhá-lo desde o Chabá à Maianga, passando pelos shows desérticos do Elinga Teatro às enchentes do Karl Marx, entrevistas à CNN e BCC. O rapaz ilude-se e acaba morto pela “boazuda” que afinal é bófia. “Tou na Fronteira” é a chegada de Katró ao Reino Celestial, onde é recebido por Cherokee e revê os amigos que o haviam deixado. Outra música que recomendo.
“Proibido Ouvir Isso” tem mais duas músicas bónus. “Vida no Avesso”, já conhecida, e “Eu sou Angola”: “O meu som não tem norte, não tem sul/ … Sou Flec e FALA/ Sou o povo e o povo é o MPLA/ Sou Bloco Democrático, Unita e FNLA”, propaga MCK, assumindo-se como um cidadão de Angola, cuja tarefa não se reduz a enaltecer uma tribo, partido, cultura ou região em particular, mas acima de tudo o nome de ANGOLA.
No final, não é tão proibido assim ouvir isso, primeiro porque algumas críticas foram menos contundentes e conseguidas (criativas) do que eu particularmente esperava - mas dou nota positiva ao trabalho como um todo -, segundo porque, num país que se quer verdadeiramente pluralista e democrático, são necessárias outras vozes para contrabalançar a oficial que às vezes, admita-se, ofusca a veracidade dos factos, o que também acontece com as não oficiais. Cá para mim, parafraseando Pedro Coquenão, “MCK não é um MC. É um cidadão praticante da sua condição”. Sendo assim, declaro permitido ouvir isso! Até o dia 18 de Dezembro, na Praça da Independência!
Por Sebastião Vemba, jornalista

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

MCK versus Dino Cross

Ainda não sei muito bem o que se passou, mas estou a gostar deste frente a frente entre o Katró e Dino Cross. Acompanhem: 

Mc K Opta Por Não Realizar Show (Truques Do Mc K Parte II) [Por Dino Cross]


Mc K X Pappy Love
Tudo começou em 27 de Fevereiro de 2011, quando no show do Bob da Rage Sense, Ikonoklasta resolveu ofender os políticos do pais e incentivou a população a aderir as manifestações contra o governo eleito, está actitude deu origem a uma onda de praticas contra a estabilidade da actual governação, neste mesmo período o jovem Carbono do grupo CCC que até a altura nunca teve participação na vida política do pais, reencarnou o espírito rebelde do Ikonoklasta e resolvou de igual modo incentivar os rappers a participarem nestas praticas de protesto que na maior parte delas terminavam em desarmonia e actos vândalos.
MC K que tinha agendado para 4 de dezembro no Elinga Teatro a realização do show de apresentação do álbum 'proibido ouvir isso', culpou pela não realização do espetáculo ao determinado no Decreto presidencial nº 111/11 de 31 de Maio, no seu capitulo III, artigo 22º onde esclarece as condições para a realização de espetáculos e divertimento públicos, uma Lei que ao seu ver fora aprovada para evitar situações como as do Ikonoklasta e do Carbono, o facto é que MC K chamou para uma conversa todos os jovens que se faziam presentes no Elinga Teatro para explicar os porquês da não realização do espetáculo, na altura Kappa chegou a dizer que a direcção do Elinga fez saber que só poderiam realizar o show se apresentassem um documento com a autorização do ministério da cultura, na conversa com o público (como se pode ver no vídeo) MC K acredita que as exigências do estipulado no artigo 22 exactamente no show da CCC e da Masta K têm a ver com o envolvimento de alguns rappers neste processo de manifestações, até porque esta Lei é de 31 de Maio do corrente ano, sendo verdade ou não, uma outra verdade surge quando entrevistamos Mc K de forma informal.
Perguntamos ao MC K porquê que estás coisas só acontecem como ele, o primeiro facto foi terem proibido a venda do seu álbum na portaria da Rádio Nacional de Angola, porquê que ele acredita que o jovem lavador de carro Cheroke, morreu simplesmente porque estava a ouvir ou a cantar a sua música "Sei lá que wawê" e este recordou-nos que não é a única vitima a prova disso foi o cancelamento do show dos CCC, sobre o jovem Cheroke MC K usou do seu principal bilingue ou seja no artigo aqui publicado sobre os truques de Mc K, escapou-nos a sua principal arma, Kappa tem um vasto vocabulário e usa uma linguagem técnica de difícil compreensão, muitas vezes para não sermos tomados por ignorantes, português bem falado soa-nos certo e as aceitamos mesmo não entendendo nada, deu tantas voltas para não falar nada, foi dai que confessou que a Masta K está registada como empresa vocacionada a realizar actos culturais, bem como lançamento de livros e reúne condições para realizar show, e que a medida tomada da não realização do espetáculo surge depois de uma conversa com o Delegado Provincial da Cultura que o advertiu a não realizar. Temendo que comportamentos não cívicos como o do Ikonoklasta aconteçam, e claro para que a Masta K nao seja vista como incentivadores destes movimentos de manifestantes, deu a volta por cima e como estávamos no Elinga deu-nos teatro.
Também perguntamos se ele não cria estas situações "manamadoistas" para fazer marketing de si mesmo e aumentar o crédito diante dos fãs o que afirmou-nos apenas que tira proveito a seu favor de todas as situações do seu dia-a-dia.
A nossa conversa foi bem demorada, numa altura em que notamos que fugiu-se do hip hop para a política, perguntamos: MC K tu és político? ao que respondeu-nos: todo cidadão exerce política, nisso cortamos o seu argumento com uma pergunta bastante clara, responda com sim ou não, és político? sim! respondeu-nos.
Em jeito de conclusão, toda está situação aconteceu sim, apesar de não termos conseguido contactar o delegado provincial da cultura, para confirmar os factos, mas a verdade nua e crua é que o artigo 22º da Lei de 31 de Maio nada tem a ver com a não realização do show da MASTA K, mas sim para evitar situações que saem do seu controle e aproveitar tirar proveito a favor da divulgação da venda do seu álbum, usando como alicerce as burocracias da Lei, permitindo assim o nascimento de um espírito de contestação actos que resultariam em publicidade gratuita em blog e nas ruas.
Quando pensávamos que estávamos vacinados contra os truques do MC K, cá estamos outra vez a divulgar uma *Polemarketing do MC K.
*Polemarketing (Polemica+Marketing)
Texto escrito por: Pappy Love

A Resposta de Katró

Mc Katrogi
Caro Amigo e "quase Primo" Dino Cross, em nome do respeito e do carinho que nutro por ti, tomei a liberdade de produzir este texto amargo como o ódio e profundo como a nossa amizade, mas é claro, usufruindo de um direito constitucionalmente garantido, "o direito de resposta" consagrado na nossa constituição no artigo 40, número 5.
Em nome da nossa amizade e considerando o excelente trabalho que tens feito ao longo destes anos na divulgação gratuita de vários Artistas, Angolanos e Moçambicanos, farei um desconto a chuva de erros e outros disparates que encontrei na matéria que produzistes, assinada como "Pappy Love".

Caro Amigo "Lediné", apesar de teres participado como designer na concepção da capa do meu primeiro Álbum, sinto-me obrigado a informar-te que o Jornalismo é um exercício intelectual de informação e formação de consciências e deve ser exercido sempre com base no respeito ao contraditório, de forma honesta e imparcial. Nunca tomando partido, nem tão pouco com ataques ao teu mano Katró ou aos meus amigos "Manifestantes" Carbono e Ikono, ate porque o MPLA não precisa de bajuladores amadores como tu.
A título sugestivo lhe aconselho a pedir desculpas a todos Manifestantes pelas ofensas proferidas e ao público que chamastes de ignorante que se deslocou ate ao Elinga Teatro, ávidos em sentir a efervescência lírica do elenco convidado para o evento.
Por uma questão de respeito ao público, senti-me obrigado sim, a dirigir uma palavra ao pessoal que se fez presente. Reproduzi o Decreto Presidencial número 111/11 e distribui de modos a manter os manos informados e juntos reflectirmos sobre uma Lei de vital importância para todos agentes Culturais e não só.

A não realização do evento foi uma clara demonstração de Respeito a Lei, mesmo não concordando com ela, e nada me priva de manifestar a minha opinião sobre a mesma, ate porque a luz do artigo 167 número 5 da Constituição, hoje a iniciativa legislativa também pode partir dos Cidadãos organizados em grupos e organizações representativas, além de nos ser permitido participar na vida política e na direcção dos assuntos públicos, segundo o artigo 52 do mesmo diploma. Discordei com a dualidade de critério na aplicação da mesma Lei, permitindo uns e " barrando outros" e acho que a mesma contrasta parcialmente com o discurso do PR, no terceiro Simpósio sobre Cultura, quando fala no apoio e fomento artístico e outros blá blá blá... Também não concordo com a permanente mendicidade dos artistas, feitos eternos Mendigos pedindo apoios e patrocínios condicionando assim a liberdade de criação por míseros Kwanzas... A minha visão integral sai em defesa dos artistas menos conhecidos que também tem o direito de expressarem a sua arte e correm o risco de serem excluídos, os artistas independentes, enfim... Mas sei que o meu amigo Dino, não percebe nada disto e também não tem interesse em conhecer os seus próprios direitos, e então são " outros quinhentos"...
Caro Dino, se te esforçares um pouco perceberás que o Regime no poder há mais de 32 anos, não precisa de leis para satisfazer os seus interesses, pois não existe nenhuma lei que permite a morte por espancamento pela UGP que Cherokee sofreu, também não existia lei que impedia a minha venda na portaria da RNA, também não existe lei para despedir técnicos de som que tocam "Sei lá quê uaué"... Repara amigo Dino, existe uma Lei que permite manifestação mas a realidade social tem sido contrária, marcada por detenções e outras agressões policiais...

Não sei se o amigo Dino sabe que "existem dificuldades que nos tornam mais fortes", e o Mck é um destes frutos de inúmeras proibições e perseguição politica. É sim verdade que eu nunca cruzo os braços as inúmeras barreiras impostas no meu caminho e procuro sempre tirar proveito racional das mesmas. Mas isto não se aprende na Escola mas sim na vida, caso tenhas dúvidas, vá ter com uma mulher Zungueira e ela te vai ensinar a vencer as dificuldades deste laboratório de sobrevivência chamado Angola.
Rapper ou Político?
Segundo Aristóteles, todo Homem é um animal político. A política é a arte de vida em sociedade, uma das poucas Ciências que podemos exercer sem uma formação específica. Repara amigo Dino, Lulas da Silva é Operário, Obama é Jurista, Savimbi graduou-se em Letras e Manguxi era Médico... Todos eles exercem a POlitica por consequência do contexto, entendeu? De igual modo, eu uso o Rap como um veículo de partilha dos meus valores, princípios e educação. A título informativo aproveito lhe dizer que além de Rapper também sou um Activista Cívico e coopero com algumas Organizações não governamentais Nacionais e Estrangeiras.
Kota Dino, caso tivesse interesse em ligar o meu "Manamadoísmo" teria dito que participei do ultimo álbum da Sister Sandra de Sá, teria dito que estive com a Sra. Angela Merkur, teria te dito que já cantei no mesmo palco com Mos Def, Racionais Mcs, MV Bill, enfim... Teria entregue estes vídeos e fotografias aos Blogs do Kratos, Cenas, Adérito, Edivaldo e ao teu para publicarem estes factos que não deixam de ter relevância informativa, né? Já agora tenho um Prêmio a receber hoje as 15h na Rádio Ecclésia!
Sem outro assunto de momento, espero poder contar contigo no jogo de domingo, no Shabba e aproveito a presente para lhe desejar um feliz Natal e um ano novo de matérias mais coerentes e imparciais. Também gostaria que realizasses um daqueles teus Bodas pesados de Fim de Ano, porque levas mais jeito e deixa a arte da escrita pra quem sabe.
Abraço.
Luanda aos 08 de Dezembro de 2011
Katrogi Nhanga Lwamba

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Colectivo à Resistência - Vídeo, músicas, fotos e letras num só

Esta é a oferta de Natal do Colectivo à Resistência, com lançamento grátis marcado para o próximo dia 18 de Dezembro, acto oficial na Praça da Independência. Atenção que não teremos bancada fixa, pelo que a distribuição será ambulante (os fiscais vão ver poeira!).
Para quem ainda não desfrutou do "Manifesto do Gueto", vídeo e música, o "Rap moldou-nos" e a novidade geral "Saudades", estejam atentos. Recebam uma cópia do single do Colectivo e comprem uma t-shirt deste grupo a 1000 kwanzas.  Reservas através dos contactos: 924 51 08 22 ou  929 58 99 55.


Kaza Daz Rimaz Versus MCK II

Como prometemos, a Kaza Daz Rimaz, através de Sebastião Vemba, transgrediu as barreiras do próximo álbum de MCK e apresenta agora uma ante-visão, disponível em texto completo apenas na próxima segunda-feira. Entretanto, a partir de sexta-feira, dia 9, podem ler esta versão do texto no Novo Jornal.

"Para título de álbum musical, “Proibido Ouvir Isso” é, em todos os aspectos, um nome muito sugestivo – o que mais se proíbe é o que mais se deseja, diz o ditado - e MCK tem consciência disso, ao ressurgir à ribalta depois de cinco anos, quebrando, desta forma, a habitual pausa de quatro anos. Aliás, “Cinco Anos de Ausência” é um dos singles promocionais do álbum.
Mas, olhando para este como um todo, ele começa com um discurso proibido, o “Fogo Amigo”: “Saudações a todos os irmãos, maninhos e camaradas…/a minha arte tornou-se proibida/Cherokee perdeu a vida», atira MCK, sobre um instrumental com bases africanas, desembocando na já referida “Cinco Anos de Ausência”, seguida da também já disponibilizada “Por Detrás do Pano”, esta última com participações de Ângela Ferrão e Beto de Almeida.
“Teologia da Prosperidade” traz ao debate a religião, “um tema ainda proibido entre nós”, segundo o rapper, para quem “fundar igrejas é um negócio que prospera…”. Já em “Nomes, Rimas e Palavras” Katró faz uma metáfora do cenário político nacional, associando o Chefe do Executivo Angolano a José Mourinho. Sendo assim, quem tiver que entrar em campo terá que lamber-lhe as botas."