Confesso
que não vos sei dizer o que sinto agora, ao parar e calmante ouvir a música “Saudade”
do Colectivo à Resistência. Claro, tudo o que eu disser é suspeito, porque sou
um dos integrantes deste grupo. Mas acreditem que enquanto escrevo estas linhas,
luto contra as lágrimas que insistem em escorrer dos meus olhos. Para evitar
exageros da minha parte, preferi fazer colagens do que Taciturno aka Tião MC,
Mr Leos, RNK, Soldado Mensi e Sismo exprimiram ao manifestar as suas “Saudades”,
o que eu também sinto neste exacto momento, e nada mais, ao me lembrar que “o
tempo é veloz” e “obriga-nos a enterrar os nossos sonhos como coveiros
abnegados/ Nada mais nos resta senão viver ao máximo cada momento, cada segundo
de um minuto, cada ano de uma vida que nos passa tão depressa e já não volta” –
só deixa saudades, ou seja, “o tempo passou mas deixou-nos as lembranças/ viver
o que já vivi é utopia da esperança/ o tempo mata o tempo para nascer um novo
tempo/ a existência humana é mudada a toda hora/ o sonho de sermos outro ficou
lá fora/ bem no fundo do distante, ficou noutrora”, a saudade insiste e ocorre-me
um pensamento inevitável: “Se eu pudesse recuar no tempo/Viveria a vida num
minuto/e num minuto viver os anos que passei junto de ti”, mas é apenas um
desejo e “voam as palavras quando falo sobre ti/ perdido na emoção quase não
resisti/ falo pra ti como se estivesses aqui/ mergulhado nos meus sonhos ou
mesmo junto de mim/saudades da vida que não vivemos/ dos tempos duros, magros e
secos/ uma gota no canto dos olhos no cair do sol ou na entrada do luar/
afogaram-se os sonhos que se poderiam sonhar”. A saudade é insistente, às vezes
parece um sentimento bom, aprazível ao nos lembrarmos ao pormenor da vida que
passou, mas de repente sinto que “escorrem lágrimas próprias da nostalgia/ reminiscência
de momentos coroados de alegria/ a saudade obriga-me a recuar nos dias/ que o
tempo levou pela sua incontornável via/ nada pára, o tempo apenas avança/ entre
o passado e o presente minha vida balança/ dócil ou amarga é larga a lembrança”.
Pois é Soldado Mensi, concordo contigo e em alguns momento sinto que “eu tenho
saudades daquilo que nunca foi meu/ da grande infância que no tempo se perdeu/…
o tempo passa e leva tudo consigo/ deixando só lembranças e a tristeza como
abrigo/sou feliz agora por fazer novos amigos/ mas triste por passar tanto
tempo escondido/na timidez de tudo quanto senti/ por aquela mulher que até hoje
nunca mais vi/ imaginações fazem da mente oca/ e a vontade de voltar no passado
sufoca/mas o tempo não pára/ enquanto nós pensamos em recuar/ lentamente
avançamos”, é isso mesmo Sismo! Sinto vontade de recuar para ver-te de novo como
um “borracho” adormecido no colo da mamã, mas já és crescido e aos 16 anos dás
tanto orgulho “puto”, quem teria mais orgulho é obviamente o nosso B.Boy Seque,
mas a vida não permitiu, ainda assim, a todos que nos deixaram, contra sua
vontade, “eu queria ter-nos aqui para corrigir os meus erros/ poder abraçar-nos
e sentir de novo o calor que afugenta/ este frio que preenche a vossa ausência/
viver é urgente/ viver é preciso/ aqui e agora/ que o tempo apenas nos visita e
rapidamente se vai embora/ e eu tenho saudades – se eu pudesse recuar no tempo/
viver a vida num minuto/ e num minuto viver os anos que passei junto de ti”.
Chega tristeza! Como disse o kota Beto de Almeida, no Atrás do Prejuizo do
Katrogi, “Eu vou sorrir pra não chorar/É mais um dia da minha vida/ Vou cantar
pra não pensar nas malambas desta vida” – e eu quero cantar sem parar esta
pedrada do Colectivo à Resistência: Saudades.
Por Sebastião Vemba
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